A Virada Cultural de SÃO PAULO...

Sempre, antes de vir morar por aqui, ouvia dizer o quanto que São Paulo exalava cultura, mais que isso,ouvia que Sampa, aquela do Caetano que “és o avesso do avesso do avesso do avesso”, era a capital cultural do país. Bom, cheguei e logo tratei de verificar se tudo era realmente fato. Conheci vários teatros da cidade, museus, passava parte do tempo que tinha livre em centros culturais, queria conhecer as famosas galerias, a Avenida São João, aquele centro velho e sua linda estrutura...nada demorou pra que me apaixonasse! Mas tudo ficou mais claro pra mim na Virada Cultural. Já conhecia o evento, mas no interior. Apesar de mesmo princípio (se a cada dia está mais precário e caro o acesso cultural, o espetáculo gratuito de rua pode suprir essa carência), dimensionalmente falando, a virada da capital e a do interior não se comparam. São 4 milhões de pessoas nas ruas de São Paulo, que como o slogan dizia “onde vira, tem virada”. Que outro lugar se ouve 24 horas de Raul, com ótimas bandas interpretando todos os seus álbuns? “O dia em que Sampa pirou”, aconteceu no Palco Toca Raul, ao lado da Estação da Luz (coisa linda de lugar!) e foi onde passei a maior parte do tempo, Isso, pós shows da Avenida São João, Geraldo Azevedo, Marcelo Camelo, atrações alternativas que do nada surgiam... Nunca havia experimentado o centro na madrugada e que incrível conseguir andar com tanta tranquilidade no meio de uma de suas mais movimentadas ruas . Passavam pequenos vendedores, casais, punks, rappers, góticos, metaleiros, hippies, engravatados, descalçados, desquitados. Uma acrobata subia em tiras de pano, a metros e metros do chão. Um palhaço buscava algum lanche. Um piano soava a esquerda. Um blues se estendia a frente. Uma combe do forró. Aulas de dança numa praça. Shows do samba-rock ao eletrônico, do rock ao romântico brega. Dois olhos eram pouco para perceber tudo.24 horas ininterruptas de música, cultura e arte sem cobrança de ingressos e que acontecem perto de estações de metrô e CPTM, incluindo neste delírio o funcionamento do transporte urbano durante a madrugada.Mais admirada e mais apaixonada.Escreveria um livro sobre essas incríveis 24 horas na cidade que nunca para.

PS: Só uma observação para não parecer que tudo foi perfeito, afinal, com 4 milhões de seres humanos nas ruas, só mesmo em sonhos: obras no metrô, o cheiro de xixi e o lixo espalhado. Acredito que servirá para que ano que vem providências maiores ou melhores serão tomadas.

Superou minhas expectativas!